Método de Caligrafia, Antônio Franco
Grafologia Prática, Eric Singer
Comentei no post anterior que a escrita ocidental, rumo à transparência e à eficiência da leitura, caracterizou-se por buscar a regularidade e a despersonalização do traço. Estas imagens extraídas da revista Tupigrafia nº 4 (2004) demonstram como isto se impunha, mesmo quando se objetivava identificar a individualidade através do traço.
O primeiro bloco de imagens reproduz as páginas do livro Método de Caligrafia de Antônio de Franco (anos 20). Nele são apresentados os aparelhos para se chegar à elaboração perfeita da caligrafia para fins comerciais. Regula-se a postura e o gesto para se conquistar uma grafia de padrão universal.
O segundo bloco reproduz partes do livro Grafologia Prática de Eric Singer impresso nos anos 50. Verifica-se que em tempos mais recentes desenvolveu-se um estudo da grafologia voltado à identificação das particularidades do indivíduo. Nas páginas do livro de Singer expõe-se paralelamente a letra “anômala” e o desenho ilustrando a personalidade que a caligrafia revela. Os desenhos mantêm os mesmos traços sintéticos, finos e cortantes das letras. Há a aproximação da configuração do desenho ao da letra para que a associação seja mais direta. Naquele período, segundo a revista Tupigrafia, os principais usuários destes guias eram empresas interessadas na identificação da personalidade de um candidato ao emprego e, orgãos policiais que faziam uso de exames grafológicos para mapear perfis de indivíduos suspeitos. Deduz-se que a grafologia estaria a serviço das instituições para se prescrever o caráter adequado ao bom funcionamento da ordem e do progresso.
Hoje, a grafologia se soma às varias ciências de auxílio ao indivíduo na identificação de suas fragilidades e incertezas. Após a consulta dá-se a receita do sucesso, o que implica na adequação da assinatura e do gesto. Fala-se muito em individualidades, mas estas não podem escapar ao comum e ao desejável.