13
Aug 09

Os Estados Unidos, a Disney e vice-versa.

Consta que Baudrillard teria dito que a Disney Word existe para provar que os Estados Unidos é real. Pulei então a etapa de convívio com o Pluto e fui direto ao centro da realidade, mas quando se dá de cara com a Times Square ou se vê manequins vivos se exibindo nas vitrines da Quinta avenida e o povo correndo para a foto, percebemos a falta que fez o estágio com o Pateta.


31
May 09

Praça da Soberania: versão 2

correio29_05_versao_01_02Comparação entre a primeira e segunda versão (Correio 29/05/2009)

correio_30_05Segunda versão da praça (Correio 30/05/2009)

Esta semana Oscar Niemeyer apresentou nova versão para o projeto da Praça Soberania. A versão anterior já havia sido discutido aqui. Desta vez Niemeyer reduziu o monumento pela metade (de 100m para 50m) e o deslocou do centro para preservar a visibilidade da Esplanada dos Ministérios. Em nova entrevista ao Correio Braziliense (29/05/2009) afirma que a praça “é bonita, é monumental” e que tem “o direito de fazê-la. Brasília não é só urbanismo, é também arquitetura.” Reforça “essa praça não tem discussão.” Esqueceu-se apenas de considerar que longe vai o tempo em que Brasília era uma cidade imaginada e determinada em planta baixa por um arquiteto. Existem hoje as pessoas de Brasília e estas, mesmo que o magnífico arquiteto as considere um estorvo por seus pensamentos individuais, afetam de alguma forma a cidade e são afetadas por ela e, sobretudo, cumprem o seu dia-a-dia na capital federal.


23
May 09

Cartografia V – Transsibérien

transssiberienBlaise Cendrars e Sonia Delaunay, 1913

Em 1913 Blaise Cendrars publicou “La prose du Transsibérien et de la petite Jehanne de France”, que ficou também conhecido como “Le premier livre simultané”. Transsibérien se refere à estrada de ferro inaugurada em 1905 ligando a Rússia Ocidental ao Pacífico e, de certo modo, alude a todas as estradas que estavam sendo construídas pelo mundo estreitando os espaços, permitindo viajar em velocidade “meteórica”.

A obra é impressa numa única folha de papel de mais de dois metros dobrável. A reunião de todos os 150 exemplares atingiria a altura da Torre Eiffel. O trabalho teve a colaboração da pintora Sonia Delaunay, o que foi assim creditado – “cores simultâneas de Mme Delaunay-Terk”. Um conjunto de massas de cores puras, saturadas, intensas como a vida na era da eletricidade. Vibrações, dinamismos, distorções do espaço e do tempo. Um poema de viagem, mas que desfoca o trajeto, costurando outros tempos e espaços.

Simultâneos, também, a cor e o texto – verbovisual. A lógica plena da palavra em linhas que flutuam e se perdem entre a luz. Como quando se fixa o olhar nas chamas do fogo. Assim Cendrars descreve seu poema “(…) uma experiência única em simultaneidade, escrita em cores contrastantes a fim de levar o olho a ler de um só golpe de vista o conjunto do poema”


18
Feb 09

Breaking the code for innovation

Estende-se a polêmica em torno do inusitado pdf de apresentação da nova marca da Pepsi. O documento intitula-se “Breaking the code for innovation: from convention to Innovation” e tem pretensões astronômicas. A indústria americana sempre se caracterizou por impor seu produto em qualquer parte do mundo, mas desta vez quer se chegar à ordem universal. O documento se justifica pela razão áurea do universo e é pautado pela história da humanidade. Neste anseio inventa os grids de construção de suas diversas marcas e aniquila o rigor da geometria. Mas não há motivo para crer que o documento é falso e dele já se fez um vídeo institucional. No mundo do Código de Da Vinci tudo que se apresenta é crível.
Disto tudo, a melhor tradução da nova marca da Pepsi que encontrei foi esta:

pepsi_caricatura


18
Feb 09

Niemeyer X Gropius

Por falar em Niemeyer, ele esteve recentemente em Brasília, embora argumentasse não ter o que fazer por aqui (talvez para justificar o passeio tenha apresentado a seguir o projeto da Praça da Soberania). Na viagem foi entrevistado pelo Correio Braziliense e revelou seus desafetos modernos.

“A Bauhaus, que é a turma mais imbecil que apareceu, chamava a arquitetura de a casa habitat.(Não interessava) a forma desde que o quarto estivesse perto do banheiro, a cozinha perto da sala e funcionasse bem. Foi um período de burrice que conseguimos vencer. A escola que eles construíram nunca ninguém pensou nela, porque não tem interesse nenhum, ninguém nunca ouviu falar. E o chefe do negócio, o Walter Gropius, era um babaca completo. Ele foi na minha casa nas Canoas, subiu comigo e disse a maior besteira que já ouvi: ‘Sua a casa é muito bonita, mas não é multiplicável’. Pensei que filho da puta! Para ser multiplicável teria que ser em terreno plano, teria que procurar um terreno igual e meu objetivo não era uma casa multiplicável, era uma casa boa para eu morar. Eles eram assim, sem brilho nenhum. O trabalho que ele deixou é um monte de casas que se repetem. Foi um momento que ameaçou a arquitetura, mas Le Corbusier e os outros reagiram. Foi um momento em que a burrice queria entrar na arquitetura, mas foi reprimida.” (Correio Braziliense 14/12/2008)

É verdade que ninguém tem que meter o bedelho na casa do outro, ainda mais quando se trata de arquitetos. Mas este é um típico refute de um arquiteto formalista-expressionista diante das observações de outro preocupado em determinar os progressos da vida social.